Oie! Hoje eu venho contar pra vocês um pouco sobre a minha experiência aprendendo francês, meu quarto idioma.
Eu cheguei na França em 2018 sem falar uma palavra de francês. Na época, o programa de au pair não exigia nem o básico, então eu vim com o que sabia do inglês (fluente) e do espanhol (intermediário). A minha vinda pra França mudou rapidamente de rumo quando meu ex – e motivo para a minha viagem – terminou comigo algumas semanas após a minha chegada.
Sem saber direito o que eu ia fazer aqui, decidi focar em aprender o idioma para eventualmente tentar um mestrado, já que esse era o meu plano na Noruega, antes de ter o meu visto de au pair negado pelo país escandinavo.
Me matriculei num curso que custava 480+430+430 euros por trimestre (esses foram os valores por cada trimestre respectivamente) e eu ia religiosamente para as aulas, além de fazer todas as atividades, tanto em sala de aula quanto em casa. O meu curso era de 2h por dia, 3 dias por semana, na École l’Étoile. Tive uma professora muito boa, no começo, mas tive que mudar de horário porque eu tinha ficado das 13 às 15h e acabava ficando apertado para buscar a criança na escola, já que eu morava no meio do nada, a 1h40 de Paris.
Fiz a solicitação de mudança de horário e a escola disse que ia me realocar de acordo com as minhas notas nas provas. Tirei 19,5/20 na primeira prova, então, quando finalmente mudei de classe, fui parar numa turma que tinha um nível levemente mais avançado que o meu e em que todos os meus colegas já falavam francês.
Confesso que fiquei bem assustada no início, porque estávamos voltando das férias de final de ano e a professora perguntou a cada um o que tínhamos feito durante esse período, mas eu simplesmente não falava francês ainda! Eu tinha passado todo o trimestre anterior aprendendo coisas básicas como “bom dia”, “verbo ser”, “verbo ter” e por aí vai. Além disso, a minha host family era espanhola, então nós falávamos espanhol em casa, o que reduzia quase a zero o meu contato com o francês.
A minha professora era ótima. Ainda melhor do que a primeira! E ela tinha muita paciência comigo. Foi durante as aulas dela que eu percebi que o meu maior erro era tentar falar francês partindo do inglês como referência. Desse jeito, eu tinha muito mais trabalho porque a construção frasal do inglês é completamente diferente da construção frasal de idiomas que se baseiam no latim (como o português, duh).
Acho que, além das aulas formais no curso, quatro fatores foram essenciais para desenrolar de vez o meu francês:
- Ter trocado de host family entre o primeiro e o segundo semestre, passando a morar com uma família francesa.
- Essa chavinha que virou para parar de tentar falar francês partindo do inglês.
- A decisão de contar aos meus dates que eu sabia falar inglês.
- O episódio da festa no barco.
Como os outros tópicos são autoexplicativos, eu vou contar pra vocês o que aconteceu na festa do barco e que mudou para sempre a forma como eu me posicionava com relação ao meu francês.
Era um sábado de inverno quando eu e mais 3 au pairs decidimos ir para uma festa num barco, rolê muito comum em Paris antes da pandemia, mas bem menos glamuroso do que parece.
Duas das meninas disseram que não falavam inglês, só francês, enquanto eu e uma outra garota dissemos que não falávamos francês, só inglês. E assim passamos a noite inteira. As duas que falavam francês interagiram em francês com os desconhecidos, enquanto eu e a outra garota flertávamos com os boys, em inglês, entre um drink e outro.
No final da festa, às 5h da manhã, eu e uma das garotas do time francês fomos para a mesma estação de trem. A gente teria que esperar o primeiro trem do dia para voltar pra casa.
Algumas coisas na estação já estavam abertas, então ela me perguntou se eu queria que ela fosse num quiosque comprar um chocolate quente para nós duas. “Já que eu falo francês”, ela disse. Eu aceitei a oferta e fui do lado dela, fazendo a bicha muda, até a moça do quiosque. E foi aí que a mágica aconteceu.
Quando ela falou com a vendedora, eu percebi que o francês dela era horrível. Pelo menos esse foi o meu primeiro pensamento. Eu pensei: “gente, mas esse francês que ela está falando, eu também sei falar…”. E daí lembrei que, durante toda a festa, ela tinha praticado seu francês, enquanto eu, por achar que não sabia falar, tinha só gastado meu inglês.
Me dei conta do quanto ela estava sendo mais inteligente do que eu. Com autoconfiança e dando a cara a tapa, ela ia desenvolver o “francês horrível” dela muito mais rapidamente. Enquanto eu, se não mudasse de postura, ia continuar repetindo que não falava o idioma ad infinitum.
Foi nessa noite que eu resolvi mudar a minha bio do Tinder e parar de dizer para todo mundo que eu só falava inglês. Assim, dois meses depois eu conheci Gabriel, um francês com quem saí por quase dois anos e que só conversava comigo 100% em seu idioma nativo.
amiga grava um video sobre esse boy do date de 2 anos